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Marketing Digital

O descarte das redes

By Abril 18, 2012Fevereiro 24th, 2023No Comments

Difícil pensar no conceito de descarte na internet. Pare para analisar em quantos blogs e redes você já participou e quais continuam com seus conteúdos por aí.

Eu já tive Fotolog, por exemplo, e não consigo deletar. Enquanto escrevia essa coluna, eu fui procurá-lo – ele não recebe uma foto desde 2008 – e lá tem uma história de 4 anos retratada do começo do meu casamento, o nascimento da minha filha, algumas viagens e momentos com amigos inesquecíveis que merecem ficar lá. Um sentimento de melancolia até de ver quem eu era e o que eu sou agora.

Depois parti para outro abandonado: meu blog. Pra começar, ele está no blogspot o que já diz muita coisa. Para terminar nenhum blog lá linkado está em atividade hoje em dia. Ou seja, é uma cidade vazia. Lembrei-me de Eu sou a Lenda. Se eu for revirar o baú acabo encontrando monstros lá. Para não perder nada antes de apagá-lo, eu copiei todos os textos em um arquivo e chamei-o de blog morto. Mas ainda assim, não consegui dar um fim. Está lá.

 

Depois, fui rever um blog coletivo do qual fazia parte.  Eu escrevia toda quarta-feira com pessoas legais e tive uma grande surpresa. O último post data de 28/01/2012. Ele continuou ativo por bastante tempo, se transformou num site bem melhor organizado e com bastante conteúdo exclusivo e algumas pessoas continuam lá. Recomendo: www.mondoredondo.com.br.

Continuando a saga, parti para a Last.fm. Fui tentar reativar minha conta e para minha surpresa, eu não existo mais nessa rede. Teria que fazer outro cadastro o que me deu muita preguiça e por isso eu deixei para lá.

Orkut, Ah Orkut! Como ainda existe uma demanda do mercado pela presença nessa rede, eu ainda estou lá. Mas confesso que abandonei. Entro só quando alguém me lembra de que existe.  Longe de mim, entrar na discussão da “orkutização” e da história de que brasileiro estragou a rede ou que nivelou para baixo. As redes estão aí para serem usadas de todas as formas. Se existem pessoas que acham que usar o Pinterest é sinal de status e requinte é porque possivelmente seu comportamento é o mesmo fora da internet também. Quanto a isso, só tenho a dizer que vejo enquadramento em um perfil sociológico condizente com os estímulos que recebem. Faltam-lhes experimentar a riqueza de experiência que somente a diversidade é capaz de proporcionar.

Fora essas redes que estão no passado, existem as redes do futuro que entrei em contato, mas ainda não me convenceram plenamente. O próprio Pinterest é uma delas e o Tumblr também. O que fica para mim é que chega uma hora que a simples presença é que se faz necessária apenas por uma questão de querer estar “antenado”, para poder falar sobre e saber sobre. Um movimento de consumo digital. Isso não é de todo ruim, mas o que questiono é a sua real utilidade dentro do contexto atual da minha vida. Se não encontro nenhum, a rede fica lá para os que encontram e façam bom proveito dela.

No fim, fiquei pensando porque é tão difícil se livrar dessas redes. A conclusão a que cheguei é de que ninguém quer apagar a si mesmo. Ninguém quer retirar a possibilidade de admiração, de contato, de manifestação, de reconhecimento. Ninguém quer descartar parte da história que fica lá para ser lembrada. Todos se encantam com a ideia de que uma vida fica registrada para sempre, mesmo quando nossas mentes não forem mais capazes de lembrar.

 

Carlos Vidigal é diretor da Ciclope Treinamentos e Consultoria, Professor da FGV e amante das interações digitais.

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